13 de dezembro de 2011

Palavra de ex-presidente do Sindimetrô 03

Ex-presidente Francisco J. Vicente
(Chico Vicente)
Vice-presidente: Paulo Roberto Cardoso Thimóteo
Exerceu o mandato de dezembro de 1995 a dezembro de 1998;
Setor de origem: Setor de Tráfego (SETRA);
Cargo na época do mandato: Operador de trem.

Sindimetrô/RS - Continua trabalhando na Trensurb?

Chico Vicente: Sim, porém estou cedido para o governo do companheiro Tarso Genro onde exerço junto à Secretaria Geral de Governo (SGG) - comandada pelo Secretário Estilac Xavier - o cargo de Coordenador Executivo de Monitoramento de Programas Federais. Faço, junto com a minha equipe, o monitoramento de todos os convênios federais e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio Grande do Sul. Daqui poderei acompanhar, com detalhes, toda a implantação do Metrô de Porto Alegre.

Sindimetrô/RS - Cargo que exerce atualmente?

Chico Vicente - Coordenador Executivo de Monitoramento de Programas Federais

Sindimetrô/RS - Como foi à experiência de administrar o sindicato?

Chico Vicente - Muito significativa, porém, vivíamos sob o governo neoliberal de FHC em pleno refluxo sindical, com a economia brasileira em crise, desemprego em alta e lutávamos para impedir a retirada de direitos. Felizmente conseguimos este êxito, o que não ocorreu - por exemplo - com os trabalhadores da RFFSA e da CBTU. No meio do mandato, em julho de 2007, fui eleito Presidente da Central única dos Trabalhadores (CUT) e, por causa desta minha ausência forçada, não pude dar toda a atenção devida ao mandato; porém, consegui, por meio de uma gestão combativa e classista, ajudar a derrotar o projeto neoliberal de Antônio Britto e eleger o companheiro Olívio Dutra como governador. Com isto, conseguimos impedir a privatização da TRENSURB, a qual já estava encaminhada através de um processo de estadualização, pelo Ministro dos Transportes, à época, Eliseu Padilha, no governo FHC. Com o apoio do então vice-governador, Miguel Rossetto, trancamos o processo de privatização. No final do mandato de Olívio, em 2002, Lula venceu a eleição para o governo federal, o que impediu até hoje a privatização do nosso metrô.

Sindimetrô/RS - Qual a importância do sindicalismo na sua visão?

Chico Vicente - Vivemos no sistema capitalista e lutamos para derrotá-lo, superá-lo e construir outra sociedade: democrática, solidária, feminista, multirracial e igualitária; enfim uma sociedade socialista. O sindicato não pode ser apenas um corretor do valor da força de trabalho, ou seja, não pode ficar apenas lutando para melhorar o salário e as condições de trabalho. Tem que fazer isto também, mas tem que lutar pela democratização do poder, pela redistribuição da renda, contra qualquer forma de discriminação e/ou injustiça, ou seja, o sindicato tem que ser uma “Escola de Socialismo”. No entanto, como a gente - no sindicato - tem que enfrentar interesses poderosos, ganhamos inimigos e adversários que passam a nos combater. Às vezes, são alguns colegas de categoria, mesquinhos, sectários, desinformados ou ganhos por uma visão de direita ou patronal.

Tenho muito orgulho do Sindimetrô e tenho mantido minha posição ao lado da classe trabalhadora. Sempre que posso participo de reuniões e assembléias. Nunca deixei de pagar um mês sequer da mensalidade do sindicato, mesmo estando fora da categoria. Sempre que me apresento em reuniões ou fóruns, digo que sou daquela categoria que conduz as massas sem sair da linha. Carregarei, com alegria, o espírito metroviário por toda minha vida, pois aqui muito aprendi e também muito ensinei. Infelizmente, tem algumas almas pequenas que não conseguem conviver com as diferenças e outras, menores ainda, que quando em posição de poder, traem tudo aquilo que diziam defender no passado. Acredito que a coerência deveria ser o cartão de visitas do indivíduo. Já diz um antigo ditado: “Se queres conhecer o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

Temos que continuar nossa luta, valorizando aqueles(as) que são leais, combativos(as) e coerentes, garantindo participação a quem está chegando, porém tomando muito cuidado com quem gosta de fazer muitos atalhos porque este caminho é cheio de armadilhas e nada melhor que a fusão da experiência dos antigos com a energia dos novos para construir sínteses políticas que nos levem à vitórias.

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